Há exatos quarenta anos, mais precisamente no dia 09 de julho de 1971, Tom Morey criava na Califórnia a primeira prancha de bodyboarding. É provável que nem o próprio criador imaginasse que sua invenção se tornaria febre ao redor do mundo e se culminaria em um dos esportes mais radicais e praticados do planeta.
Passadas quatro décadas, o esporte se popularizou, ganhou adeptos e tornou-se uma potência em diversos países do mundo. Uma indústria que movimenta milhões todos os anos e ganha cada vez mais praticantes.
No Brasil o bodyboarding é ainda maior. Desde sua chegada às praias brasileiras, o esporte tornou-se referência de conquistas, sendo a modalidade de água que mais títulos mundiais rendeu ao Brasil. No total são 29 títulos: Guilherme Tâmega (seis), Neymara Carvalho (cinco), Stephanie Pettersen (quatro), Glenda Kozlowski (três), Soraia Rocha (dois), Daniela Freitas (dois), Mariana Nogueira (dois), Karla Costa, Claudia Ferrari, Isabela Sousa, Uri Valadão e Paulo Barcellos.
Um pouco da história do bodyboarding no Brasil
O Rio de Janeiro sempre foi o grande celeiro do esporte no país e foi na capital carioca que o esporte começou a se tornar moda nas praias brasileiras.
No fim da década de 70, Marcus Cal Kung foi quem verdadeiramente difundiu o esporte no Brasil. “Foi nessa época que o Kung descobriu e começou a revolucionar a maneira de usar a prancha. Ele vinha lá do cantão do Leme tirando tubos e mudando a história, alias criando, do bodyboarding. Ele foi com certeza o principal fundamentador, tanto na parte técnica, quanto política, administrativa e evolutiva do esporte”, lembra Chico Garritano, head judge do Circuito Mundial, responsável boa parte da reestruturação do esporte e considerado o maior árbitro de bodyboarding de todos os tempos.
Até os dias de hoje, Kung é lembrado como o mentor do esporte no país. Seu conhecimento de onda e amor ao esporte alastrou a modalidade pelas praias cariocas e a partir daquele momento o Brasil passou a viver a febre chamada bodyboarding.
Com a chegada das pranchinhas ao país, o esporte ganhou adeptos e muitos competidores começaram a se destacar nas ondas brasileiras.
Entre os homens nomes como Adilson Junior (Chumbinho), Paulo Esteves, Daniel Rocha, Xandinho, Jefferson Anute, Roberto Bruno, José Otávio, Cláudio Marques, Fábio Aquino, Renato Kamp, Paulo Barcellos, Uri Valadão, Lucas Nogueira, Luis Villar, Eder Luciano, Marcus Lima, Dudu Pedra, além de diversos outros competidores ajudaram a escrever a história repleta de títulos e conquistas.
Entre as mulheres, Cláudia Ferrari, Isabela e Mariana Nogueira, Glenda Kozlowski, Karla Costa, Isabela Sousa, Maylla Venturim, Stephanie Pettersen, Soraia Rocha, Daniela Freitas, Jéssica Becker e muitas outras ajudaram a marcar o Brasil como a grande potencia feminina.
Neymara e Guilherme, os maiores vencedores
Além de todos os nomes citados, o Brasil produziu dois dos maiores competidores já vistos na história do esporte: Neymara Carvalho e Guilherme Tâmega.
Morador do Rio de Janeiro, Guilherme revolucionou o esporte na década de 80, fazendo o impossível nas ondas e reinventando o jeito de pegar onda. GT, como é conhecido, foi o primeiro atleta de fato a desafiar o ícone Mike Stewart e a vencê-lo nas pesadas ondas de Pipeline, até se tornar hexacampeão mundial.
“Na mesma época que o Kung revolucionou o esporte eu vi um moleque que morava na rua Xavier da Silveira se destacar na maneira de usar um BB. Quem diria que um dia aquele garoto se tornaria o maior nome da esporte no Brasil e talvez no mundo. O Guilherme simplesmente mudou o modo de surfar nos principais picos do mundo”, conta Chico.
“O Guilherme era muito rápido, veloz, fazia manobras aéreas, 360º e um detalhe que ele tinha e realmente impressionava era a falta de medo. Com 14 anos ele fazia coisas que eu jamais havia visto e nem pesando que fosse possível de ser feito em uma prancha de bodyboarding”, conta Elmo Ramos, editor chefe da revista RideIt.
Se entre os homens, Guilherme despontou como um dos maiores de todos os tempos, entre as mulheres o Brasil viu uma máquina de pegar ondas surgir na pacata Barra do Jucu, Espírito Santo.
Neymara Carvalho começou a pegar por influência do irmão e na época o país já passava pelo “boom” do esporte com a influência das irmãs Nogueira, Glenda e muitas outras competidoras.
Em pouco tempo, a Pequena Notável começou a se destacar e chamou a atenção de todos. “Na mesma linha de raciocínio que o GT, eu vi uma menina muito tímida, pegando a lycra para competir em um evento amador em Porto de Galinhas, simplesmente arrebentando e sendo a revolução. Neymara se transformou no maior nome do esporte da categoria feminina”, relembra Chico. “Sem sombra de dúvida existe um antes e um depois de Neymara”, encerra.
A capixaba ganhou o mundo e foi cinco vezes campeã do Circuito Mundial. “Logo que vi Neymara, já sabia que ela se tratava de um fenômeno. Ela despontava no meio dos homens. Era um show de estilo e radicalidade”, comenta Elmo.
O mais importante ressaltar é que mesmo após tantos anos, os dois lideram os rankings mundiais em suas categorias. Uma vitória do bodyboarding brasileiro.